Delcy Morelos nasceu em 1967, em Tierralta, Colômbia. Vive e trabalha em Bogotá. O vermelho do sangue é o mesmo da pele discriminada, e também da terra – cor potente que permeia o trabalho de Delcy Morelos. Ao buscar explicações psicológicas para o indivíduo agressivo, Morelos percebeu que a violência está ligada às lutas por terras e à discriminação racial. Ela própria sofre preconceito, a ponto de um galerista sugerir que tirasse do seu currículo o nome de sua cidade natal. Mas Morelos não foge da crueza da realidade, faz questão de morar numa região perigosa de Bogotá. Um jardim para cuidar era prioridade quando escolheu o lugar de morada e trabalho. A terra, substantivo feminino, forte e fértil, é o fio condutor do trabalho da artista. E, apesar das histórias que golpeiam o estômago, seu ateliê é sereno e harmônico, com arquitetura de Enrique Ramírez e teto de bambu criado por Simon Vélez. Os interiores foram desenhados pela artista e o marido, Gabriel Sierra: eles analisaram cada raio de luz, material e objeto com que queriam conviver e, assim, construíram espaços potentes e apaziguadores. Ela gosta de tecer, meditar, criar as próprias roupas, colecionar cestos de palha, e tem dois altares no ateliê: um indígena e outro oriental.
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